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19/09/2011

Guns n´ Roses - Rock In Rio 4 - 02/10/2011 - Parte 2

Por Wilson Hebert 

Uma história difícil, de bastante luta, de persistência e de uma busca incessante pela perfeição, o que retrata bem o estilo do eterno líder do Guns, Axl Rose. Quem já pôde comparecer a um show da banda, sabe bem como é isso. A apresentação do GNR não se resume a presença de palco e boas músicas. É muito além. Necessita de uma estrutura minimamente decente, capaz de agradar ao público com uma pirotecnia para ficar guardada na memória. 
 
Confira como foram os capítulos do Guns N’ Roses posteriores ao primeiro CD aqui na parte 2 do especial. 
 
Guns lança o segundo disco: Lies. A primeira fase da repercussão é de sucesso



Axl Rose tinha uma meta: a de melhorar sempre. Tendo conhecimento da história do músico, da banda e lendo entrevistas de pessoas que conviveram e convivem com o cantor, podemos dizer que sua paixão é a evolução. A todo momento. Não importando o que for necessário fazer. Com esse objetivo traçado, Axl resolveu fazer algo diferente no segundo disco da banda, que seria batizado como Lies. 
 
Em 1988 a Geffens acaba com a expectativa dos fãs da nova banda de Hard Rock da Califórnia e lança o seu mais novo CD. Nele, há oito canções. Quatro inéditas mais as quatro do EP Live Like a Suicide de 1986. Enquanto as canções velhas conhecidas da banda reforçam o tom agressivo e rápido do apresentado no primeiro ano de carreira profissional, as outras oferecem algo mais lento, mais balada, com instrumentos acústicos. 
 
Inicialmente, a dosagem pareceu dar certo. O Guns arrebatou mais e mais fãs nos EUA. Se antes eram apenas adolescentes “metaleiros” que matavam a saudade do esquecido Hard Rock de anos anteriores, agora jovens, adultos, mulheres apreciadores de músicas românticas e etc. passam a admirar a banda. O disco recoloca o GNR nas paradas de sucesso, chegando ao segundo lugar da Billboard. Um detalhe, o primeiro colocado era justamente o disco Appetite for Destruction, o de lançamento da banda. O Guns N Roses foi a primeira banda de Hard Rock a emplacar dois discos de uma vez entre os mais vendidos. Uma música que colaborou muito para isso foi a que mais fez sucesso desse segundo CD: Patience. 
 
 
 
Segunda fase da repercussão de Lies: Discussões, brigas e processos 
 
A mídia dos EUA possui uma velha e tradicional mania de rotular bandas e cantores de acordo com o que eles produzem em cada CD. Com o Guns não foi diferente. O aumento expressivo de fãs, os shows cada vez com um público maior e uma aceitação imensurável das suas músicas, a imprensa especializada passou a rotular a banda – antes conhecida como a mais perigosa do planeta – de eclética, aquela que agradava a tudo e a todos. Se por um lado isso foi positivo para o marketing, já que retratava o crescimento do trabalho, foi bastante maléfico na interpretação dos primeiros fãs, fanáticos por Hard Rock, que começavam a chamar o Guns de “mais novo lixo comercial”. Como não podia deixar de ser, isso gerou polêmicas, brigas e discussões. 
 
Na tentativa de recuperar o prestígio desses fãs mais radicais, os músicos resolveram escancarar para todos seus modos e estilos de vida. Tornava-se bastante comum entrevistas e aparições em público dos integrantes do Guns bêbados, falando palavrão e participando de orgia. Nisso, começava uma nova fase que parecia ser intensa: a das drogas. 
 
Como todo vício, o mais perigoso dele trouxe um complicadíssimo problema para a banda, que é a dificuldade em se controlar. Algo muito chato começava a acontecer com freqüência, que era os integrantes chegarem drogados aos estúdios da Geffen para gravações, isso quando não resolviam se drogar por lá mesmo, na frente dos produtores, sem nenhuma preocupação. Slash era quem mais abusava “das químicas”. 
 
Numa primeira discussão entre um produtor e Axl Rose, o vocalista teria dito as seguintes palavras: “cale-se, sou eu quem mando aqui!”. Enquanto isso, discussões começavam a acontecer também entre os próprios músicos, mas por outro motivo: as preferências musicais a serem inseridas nas próximas músicas.  
 
Em meio a tanta confusão, a imprensa começava a buscar mais detalhes sobre os desentendimentos. Eis que surgiu uma nova mania de Axl e companheiros: as agressões a repórteres de forma física, verbal ou moral. Em diversos momentos, os integrantes do Guns não aceitavam responder perguntas sobre suas vidas particulares e apelavam para comentários sobre a vida particular dos jornalistas mais famosos dos EUA, o que fez boa parte deles processarem integrantes da banda. 
 
Em um desses “pegas-pra-capá”, um dos jornalistas que havia processado Axl e o próprio cantor acabaram se encontrando frente a frente para uma entrevista após um dos shows. Resultado: pancadaria entre os dois. Os fãs e a mídia passava então a conhecer o outro lado do líder da banda. Além de perfeccionista, Axl Rose se mostrava também pavio bastante curto.



Aborrecido com alguns boatos que surgiam sobre si a sua banda, Axl e os companheiros em vários momentos passaram a abandonar shows em pleno andamento, a cancelar apresentações nas vésperas e até mesmo no dia. Em outras ocasiões, se apresentavam tão bêbados, mas tão bêbados, que mal conseguiam tocar. Além de jornalistas, o Guns passava a se desentender e chegar a vias de fato também com os próprios fãs, que compravam o ingresso para vê-los e acabavam surpreendidos com o cancelamento ou o término dos shows antes da hora. 
 
Graças ao mau comportamento, Geffen Records ameaça rescindir o contrato com o Guns N' Roses 
 
As brigas entre Axl e produtores já estava sendo encaradas como normal. Havia se tornado algo rotineiro. Mas a coisa chegou num ponto tão insustentável para a produtora, que o seu dono, David Geffen, aquele que havia ajudado bastante no início da banda resolveu dar um basta entrando de sola na confusão. Ele chamou Axl para uma conversa objetiva. Na verdade, uma ameaça: “ou vocês mudam o comportamento, ou a gente coloca um fim no contrato”. 
 
Foi nesse momento que Axl Rose percebeu que tudo estava sendo feito de forma exagerada. Passava um filme na sua cabeça, lembrando do dificílimo início, com participação determinante de David para o sucesso e o atual momento, de drogas e brigas. Então o líder da banda resolveu tomar uma atitude. Em uma reunião na casa (como sempre) de Izzy, Axl deu um ultimato para seus companheiros: “se vocês não pararem com as drogas, vou demitir todos vocês”.



Slash, que na contramão de todas as brigas começava a ser reverenciado como um dos melhores guitarristas daquele período, mas que começava a se afundar no vício da heroína, resolveu peitar o líder da banda e responder a altura: “Axl, você não tem moral nenhuma pra mandar a gente parar com as drogas. Você é um dos que mais vive doidão e xinga todo mundo quando está ‘sob efeito’”. 
 
Apenas ditando ordem, seria difícil haver alguma mudança. Portanto, Axl tomou uma nova iniciativa. Começou um tratamento para se livrar dos vícios. Até mesmo porque, até hoje, o líder do Guns possui uma enorme admiração por David Geffen, que atualmente é um amigo particular do vocalista. Essa atitude era uma demonstração de reconhecimento por tudo aquilo que o dono da gravadora tinha feito pela banda. Os companheiros se solidarizaram com a causa e passaram a ser mais discretos no que diz respeito a uso de drogas e bebidas alcoólicas. Ou pelo menos tentaram ser mais discretos... 
 
Nova fase? Vocês que pensam... Os problemas se agravaram, mas o sucesso continuou 
 
Com um pacto feito em favor do bom trabalho, o Guns começava as gravações do seu terceiro disco, que seria duplo. Use Your Ilusion I e Use Your Ilusion II. Axl parecia bem disposto e com muita vontade nas gravações. Mas quem disse que o pacto foi um sucesso para os outros integrantes da banda? Slash abusava de chegar debilitado nos estúdios. Cada vez ele estava mais viciado em heroína. Pior caso foi do baterista Steven Adler, cada vez mais afundado no vício da cocaína. 
 
No início o musico até conseguia driblar o efeito da droga, se utilizando da eletricidade causada pela substância para tocar a bateria de forma mais rápida, num ritmo totalmente alucinante. Fato que era aprovado pelos integrantes. Mas como todo usuário da droga, não tardou para chegar o momento de prejuízo a saúde. Na primeira gravação oficial da música Civil War, o baterista não agüentou a alta dosagem consumida horas antes e desmaiou em meio à gravação. Como medida exemplar, Axl o expulsou da banda dois dias depois. Para seu lugar, chamou Matt Sorum, que tocava no The Cult e havia participado dos primeiros shows da banda. 
 
Outro que abusou de criar encrencas foi o guitarrista Izzy Stradlin. Primeiro urinando no chão de uma aeronave, o que resultou num processo no qual o músico teve que desembolsar três milhões de dólares. E meses depois, ao se envolver numa pancadaria com Vince Neil, vocalista do Motley Crue, no qual o integrante do Guns acabou levando uma surra e precisando ser hospitalizado.  
 
 
 
Mas as mudanças não se resumiram a bateria. Na intenção de ampliar as riquezas instrumentais da banda, Axl Rose uniu o útil ao agradável e resolveu dar uma força a um amigo que, a exemplo do passado do cantor, passava por dificuldades financeiras, tendo que vender seus equipamentos para comprar comida. Então Axl chamou o tecladista Dizzy Read para compor o Guns. O empresário da banda havia reprovado a idéia. E numa discussão com Axl também foi expulso da banda pelo próprio cantor. 
 
Divulgação de Use Your Illusion, que sairia em CD e DVD e convite para tocar no Rock in Rio



Numa tradução interpretativa do nome do novo disco, o Guns passava a seguinte mensagem para seus fãs: use suas ilusões, ou seus sonhos, seus desejos. O que a banda queria dizer com isso? Não importa o que digam, o que aconteça, os obstáculos que apareçam, mas você deve sempre correr atrás dos seus sonhos, jamais desistir deles. Era o mais novo lema de Axl Rose àquela altura. 
 
Com a nova formação, o novo empresário da banda, que também era fã, já chegava com uma novidade: “Vamos nos apresentar para nosso público da América Latina? Tenho aqui uma proposta de participação no Rock in Rio. Seremos o principal concerto do nosso dia”. 
 
O festival já era do conhecimento dos integrantes, dado o sucesso que foi na sua primeira edição, em 1985, bem na época em que a banda começava a trilhar seu caminho. Axl até chegou a assistir alguns tapes das apresentações do Rock in Rio I, inclusive a da banda inglesa Queen, na qual o líder do Guns sempre foi fã e que foi usada como exemplo em juízo, quando a banda foi acusada de apologia a homofobia e ao racismo, graças à música "One in a Million", que mencionava "niggers" (negros) e "faggots" (bichas). Slash também interpelou as acusações dizendo que não aceitaria qualquer discriminação racial na banda, já que ele era filho de negros. 
 
No Rio de Janeiro, Guns alcança seu recorde de público e ganha maior projeção 
 
 
 
Maracanã, templo do futebol, cartão postal da cidade mundialmente conhecida como Cidade Maravilhosa. Palco de grandes shows, de momentos marcantes de grandes nomes da musica. Era lá que iria acontecer a segunda edição daquele que seria o maior festival de música da América Latina. O Guns N’ Roses tocou em dois dias. Em 20 de janeiro de 1991, colocou nada menos que 140 mil pessoas no estádio para assistirem ao seu show. No dia 23, foram mais 120 mil. 
 
O Guns já era um dos ícones do rock na época e seus shows foram dois dos mais aguardados do evento. Serviram também para marcar as estréias de Matt Sorum e Dizzy Read na banda. 
 
Com o sucesso mundial que foi a sua participação no festival, em maio do mesmo ano a banda partiu para a mais nova turnê, de divulgação dos discos Use Your Illusion, lançados meses depois. A primeira cidade a receber o grupo foi a americana East Troy, Wisconsin. A temporada de shows durou 26 meses, contabilizando 192 shows, em 32 países. A banda Skid Row abriu a maioria das apresentações. 
 
Enfim, Use Your Illusion é lançado 
 
 
 
Esse disco duplo foi um marco da banda. Pela terceira vez consecutiva, com três álbuns lançados, a banda alcançava o topo da Billboard. O mais incrível foi que em dado momento, o ranking da mais respeitada parada de sucesso dos EUA apresentava o seguinte: 
 
1° Use Your Illusion I e II (Guns N’ Roses) 
2º Appetite for Destruction (Guns N’ Roses) 
3º Lies (Guns N’ Roses) 
 
Foi uma época em que a banda passava a ser encarada como imbatível. Um verdadeiro ícone musical. Com fãs famosos, algumas canções do Guns passaram a ser bastante requisitadas, como, por exemplo, a do vídeo acima, You Could Be Mine, que foi pedida pelo ator e fã da banda, Arnould Schwarzenegger para fazer parte do seu filme, “O Exterminador do Futuro 2”. Mas para infelicidade do ator, ela acabou não entrando na trilha sonora. 
 
Uma trilogia dentro do álbum 
 
 
A música November Rain traz consigo alguns fatos importantes. O primeiro deles, é que seu clipe oficial foi eleito pela MTV como o melhor já lançado na última década e um dos melhores de todos os tempos. A história contada pode ser vista no vídeo acima. Outro fato é que ela compõe uma trilogia dentro do próprio Use Your Illusion, da qual fazem parte, além desta, as canções Estranged (UYI II) e Don’t Cry (UYI I), que foram produzidas em homenagem ao conto "Without You" de Del James, jornalista e amigo de Axl Rose. Aliás, essa última canção citada também traz uma história inusitada. Ela foi escrita por Axl e Izzy e se refere a uma garota que namorou ambos. 
 
Aliada a essas três que compõem a trilogia, temos também a música Knockin’ on Heaven’s Door, que forma o time de baladas do disco e são exaustivamente exploradas pelas rádios e pela MTV, saciando, assim, a fome dos fãs pelas novas produções da banda. 
 
Outro destaque do CD é a música Coma, com mais de 10 minutos de duração, com uma atmosfera intrigante do início ao fim, trazendo uma alternância interessante de ritmos e sons, que, com toda a certeza, de cara caiu no gosto do público do Guns. 
 
Turnê interminável causa crise mais séria na banda 
 
 
 
Com tanta fama e tanta badalação a turnê do novo CD parecia interminável, com shows e mais shows, horas e horas de estrada, viagens longas e cansativas. E nos intervalos de uma apresentação e outra, os integrantes da banda, principalmente Slash (já que Steven havia sido expulso) abusava do uso de drogas, o que irritava profundamente outro componente, Izzy Stradlin, o amigo de infância de Axl, que havia apresentado o guitarrista ao líder da banda. 
 
Após uma séria discussão entre Izzy e Slash no backstage horas antes de um show em Londres, o velho companheiro de Axl toma uma decisão que marcaria um divisor de águas na história da banda: o de deixar seus companheiros. Após o concerto, em que ele sequer olhou para Slash, na entrevista coletiva, foi anunciada pelo próprio o seu desligamento da banda. Gilby Clarke foi chamado às pressas para o substituir, com um show que estava para acontecer dali dois dias. 
 
Na mesma data da primeira apresentação do Guns, já nos EUA, Izzy afirmaria que estava de saída da banda por não agüentar o ritmo cansativo da longa turnê, tentando desmentir o fato verídico da briga com Slash, defendendo, inclusive, uma amizade existente entre ele e o guitarrista da banda. Izzy chegou a encerrar a entrevista dizendo torcer para que Slash encontrasse seu caminho.



Inegavelmente, isso havia causado um grande mal estar entre Axl Rose e “Mágico dos Riffs”. Primeiro porque Axl já não escondia de ninguém que se sentia incomodado com o excessivo uso de heroína por parte do guitarrista da banda. E segundo por que esse vício de Slash acabara contribuindo para a saída do melhor amigo do líder da banda. As discussões entre os dois mais famosos do grupo, que antes aconteciam uma vez por mês, passavam a acontecer quase que diariamente, tanto que em um show, Axl havia dado um esporro em público no seu guitarrista, por abusar da cocaína e muitas vezes se apresentar drogado. Na ocasião, Slash caiu na gargalhada. 
 
Mas pouco tempo depois, o guitarrista resolveu tomar uma decisão. Nem tão radical como a de Izzy, mas também importante e crucial. No meio da turnê, ele resolve tirar férias da banda. Simultaneamente aos shows do Guns pelo mundo, faz algumas apresentações solos, com convidados especiais, como Michael Jackson, Bob Dylan, Iggy Pop e Lenny Kravitz. 
 
Mas um acidente acabou reaproximando Slash, Izzy e Guns N’ Roses. Após Gilby Clarke sofrer um acidente de moto, quando quebrou o pulso, Axl apelou a Izzy por sua volta, pois não havia outro guitarrista base para ser chamado. Outro que também resolveu voltar, fora Slash, já com as pazes feitas com seu companheiro de guitarra, Izzy. 
 
Mas quando Gilby Clarke se recuperou e voltou a tocar, Izzy não titubeou e manteve sua antiga decisão. Ele voltaria a deixar o Guns. Dessa vez, sem muitas delongas, assumiu para a imprensa que a sua saída era devido a sua não aceitação de ver seus amigos se auto-destruindo nas drogas. Dessa vez Axl se conteve, já que ele também voltava a abusar do uso de bebidas alcoólicas como costumava acontecer no início da banda. 
 
Axl se perde no vício das drogas, se envolve em brigas, sofre processos e acaba sendo preso duas vezes 
 
Num dos raros momentos de folgas, Axl havia reunido amigos para uma bebedeira em sua casa. Após todos estarem devidamente embriagados, o vocalista do Guns N’ Roses infringiu uma lei dos EUA e colocou seu som nas alturas, de forma que toda a rua poderia escutar a música que tocava na residência do líder do Guns. Sua vizinha da casa da frente não pensou nem meia vez e foi até a porta de Axl reclamar do barulho. Resultado: Axl estourou uma garrafa de vinho na cabeça de Gabriela Kantor e continuou com o barulho. O marido da moça chamou a polícia, que levou o cantor preso. Na chegada à delegacia, bêbado e algemado, Axl xingou um repórter que perguntava o motivo dele estar sendo detido. 
 
Já solto, num show em Montana, Axl se envolveu em nova confusão. Dessa vez com um fã. No meio do show, após ter tocado nove músicas, o vocalista se demonstrou bastante irritado com um flash que a todo o momento era disparado contra seus olhos. Então resolveu descer do palco em direção a platéia. Ele queria achar o dono da câmera e pediu ajuda aos seguranças. Quando Axl encontrou o “fotógrafo”, não teve jeito, partiu para as vias de fato, mesmo com três seguranças tentando segurá-lo. Após bater no fã, Axl quebrou sua câmera. 
 
Nove dias mais tarde, o Guns N’ Roses se via em nova situação. Durante uma apresentação num famoso teatro dos EUA, boa parte do público ali presente protestava contra as recentes agressões de Axl contra sua vizinha e seus fãs. O líder do Guns então resolveu parar o show e disse no microfone que só retomaria a apresentação após a segurança retirar os “baderneiros”. O pedido foi atendido. 
 
Ainda no mesmo mês, nova surpresa. As confusões estavam surgindo numa enxurrada, uma atrás da outra. E por esta, os músicos do Guns não esperavam. Um antigo parceiro, o ex-baterista Steven Adler, em fase de recuperação das drogas, resolveu entrar com uma ação judicial contra seus ex-companheiros. Ele alegava que a rotina de drogas da banda o influenciou a se afundar no vício da heroína. 
 
Após o polêmico processo, Axl foi novamente preso. Após desembarcar no aeroporto JFK, portando uma alta quantidade de cocaína, o vocalista foi preso pela polícia nova-iorquina, que abafou o caso dizendo se tratar de uma operação rotineira, onde os passageiros que desembarcam bêbados nos aeroportos são acompanhados pela polícia até o hotel ou sua residência. O líder do Guns foi solto no dia seguinte após pagar uma generosa fiança. 
 
De volta ao Brasil, o Guns entra em colisão com a imprensa brasileira




No último show da banda antes de desembarcar em São Paulo, que aconteceu no Canadá, duas mil pessoas causaram uma confusão generalizada, chegando a quebrar boa parte da estrutura da casa de show. Motivo? O Guns subiu ao palco com uma hora e meia de atraso e terminou o show após míseros 15 minutos. 
 
A imprensa brasileira não poupou a banda e caiu em cima, explorando de todas as formas as polêmicas que os músicos haviam se envolvido nos últimos meses. Já na capital paulista, a primeira confusão aconteceu no saguão do hotel onde a banda estava hospedada. 
 
Todo mundo sabia e mesmo assim a assessoria da banda ainda se deu ao trabalho de avisar que o Guns N' Roses, costumeiramente, só dava entrevista após os shows. Mas os jornalistas de São Paulo (e os veículos de outros locais do Brasil que cobriam a show, como os jornais do Rio de Janeiro, que seria a próxima parada do grupo), não deram a mínima para o aviso e se aglomeraram na entrada do hotel para conseguir uma “palavrinha" do polêmico artista. 
 
Extremamente revoltado com toda aquela bagunça instalada na sua chegada ao Brasil, Axl agiu como de costume, com um nervosismo descontrolado. Pegou uma cadeira do seu quarto, a levou para a entrada do hotel e a jogou em direção aos jornalistas. Os fãs que estavam acampados na entrada do prédio vibraram e gritaram o nome da banda de forma bastante entusiasmada. 
 
Já no Rio de Janeiro, mais uma confusão, novamente por culpa da imprensa. Da redação do Jornal O Globo não paravam de sair ordens para os jornalistas de plantão ligaram o tempo todo para o Copacabana Palace, onde o Guns estava hospedado, para conseguir falar com alguém ligado à banda. Do outro lado, Axl havia dado ordens para que nenhuma ligação fosse repassada para seu quarto. Depois de tanta insistência, o empresário da banda foi até a suíte máster de Axl Rose avisar que ‘o maior jornal da cidade’ queria de qualquer forma falar com ele, nem que fosse por cinco minutos. Revoltado com aquilo, Axl arrancou a tomada do telefone e jogou o aparelho pela janela. 
 
O fato, que aconteceu durante o dia, num fim de semana, chamou atenção dos inúmeros banhistas que estavam na praia de Copacabana. Muitos deles, após verem um aparelho telefônico voando de uma das janelas do Copacabana Palace, se dirigiram para frente do hotel e se juntaram aos fãs que lá estavam desde cedo. Uns aplaudiram e gritaram o nome da banda. Outros xingaram e protestaram contra as atitudes de Axl. A polícia acabou sendo reforçada para acabar com a confusão que se formava. 
 
Já de volta aos EUA, Axl afirmou numa entrevista a uma revista norte-americana que havia jogado no lixo o tênis que havia pisado em solo brasileiro e que a imprensa do nosso país era a pior que ele havia tido contato. As pazes entre jornalistas brasileiros e Guns só foi retomada em 2001, quando a banda voltou para tocar no Rock in Rio III. 
 
Continua...

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