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10/06/2011

EQUAÇÃO GLOBAL



EQUAÇÃO GLOBAL

Com a entrada de dois bilhões de novos trabalhadores, chineses e indianos, no mercado mundial algumas conseqüências serão inevitáveis. De um lado, a produção cada vez mais intensa de bens de consumo durável a preços decrescentes e a compressão dos aparatos tecnológicos, diminuindo o tamanho e o peso, para ganhar em escala. Para quem não entende de tecnologia, basta observar o que acontece na evolução dos telefones móveis celulares. De outro lado, a diminuição geral do valor dos salários provocada pelo excesso de mão-de-obra mundial e o corte de benefícios e garantias trabalhistas conquistadas ao longo do século XX.

As formas de produção na Ásia provocarão o fechamento e a transferência de muitas indústrias no Ocidente. Os orientais produzem mais e a um custo menor. Os produtos em geral, tornam-se descartáveis, especialmente porque ficam obsoletos em velocidade crescente e, não raro, são de única utilização.

Para tentar ganhar competitividade, as indústrias ocidentais terão que adotar métodos de produção similares aos orientais. O problema é que isto significará baixar padrões de renda, e conseqüentemente, de consumo no lado de cá. E se isto acontecer, quem comprará a produção do lado de lá?

A lógica do mercado global é esta: aperfeiçoar recursos, baixar custos, reduzir mão-de-obra e aumentar a produção. Se todos seguirem este caminho a equação se desequilibra.

Dizia o empresário que durante vida se tira da terra ou se tira de alguém. Se a população mundial, na sua maioria, já não pode tirar da terra, é obvio que se está tirando de alguém. A mais valia, num raciocínio simplista, é isto aí.

O avanço da produção mundial tem significado a devastação do ambiente natural. Por enquanto, apesar de todos os alertas, a tendência é a destruição ambiental.

Por mais que se queira acreditar que o crescimento econômico trará melhores condições de vida para uma determinada comunidade, e isto aconteceu em vários países ao longo do século passado – vide a evolução dos escandinavos – é difícil imaginar que o fenômeno possa ocorrer numa dimensão planetária. E se ocorresse, não haveria estoque de recursos naturais suficiente para possibilitar, aos quase sete bilhões de habitantes, o mesmo nível de consumo do chamado primeiro mundo. Logo, alguma coisa está errada na equação global.

No meu entender, as sociedades que desejarem fugir desta catástrofe econômica e ecológica deverão procurar outras formas de produção e convivência. Não sei exatamente quais. Mas, certamente não será dentro da atual lógica do mercado, pois ele tem sido devastador.




Por Paulina Siqueira - Prfª. Geografia – Pós-Graduada em “Gestão Planejamento e Educação Ambiental “e “Educação de Jovens e Adultos – EJA”.

 
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