Foi um século de profundas e rápidas transformações. Na área da saúde a descoberta da penicilina, os instrumentos de diagnósticos e cirurgia, a psicanálise e as pílulas com inúmeras composições químicas para amenizar quase todos os males. Nas comunicações: o rádio, o telefone fixo, o cinema, depois a televisão, o VHS, o fax, o computador, o CD, a internet, o DVD, o telefone celular e as câmeras digitais. Nos transportes, talvez a maior das revoluções: o homem, ao longo dos milênios, caminhou, montou alguns animais, usou a carroça de tração animal, remou, pedalou ou velejou. Somente no século XIX conheceu a máquina a vapor, conseqüentemente o trem. Em seguida a motocicleta, o automóvel, o avião e a nave espacial.
Consolidou-se a categoria emprego, o salário e mais alguns benefícios, as férias remuneradas, o hábito de comer fora de casa, a comida industrializada, a vestimenta pré-costurada, a moradia verticalizada e a escolarização obrigatória. Explodiu-se a bomba atômica. Descobriu-se a radiografia e o laser. A população mundial triplicou. A pobreza diminuiu em várias regiões do mundo em razão do trabalho remunerado, do aumento do consumo de alimentos e de bens em geral. Alguns países atingiram níveis de satisfação material bastante razoável. A capacidade de produzir, armazenar e difundir informação foram espantosos.
Em virtude de todas estas invenções, a humanidade ficou sem padrões morais, materiais e espirituais definidos. Tudo muda todos os dias. Todos os paradigmas são quebrados. A consciência coletiva não consegue absorver com tranqüilidade a velocidade e a profundeza das transformações.
As conseqüências brutais delas são, entre outras, algumas contradições: o aumento da escolaridade com o fim da categoria “emprego”, o alongamento da expectativa de vida com a falência dos sistemas previdenciários, o aumento da oferta de bens de consumo com o aumento dos furtos e roubos, a verticalização das moradias urbanas com a diminuição das áreas verdes, o aumento da locomoção das pessoas com a exaustão dos combustíveis fósseis, a maior oferta de alimentos industrializados com o aumento da obesidade e doenças cardíacas. A proliferação de seitas, a celebração da fé pela televisão, a imposição de uma estética, especialmente feminina, próxima da anorexia. O avanço tecnológico com o aumento da poluição.
Ainda é muito cedo para avaliar, no contexto histórico, a importância do século XX.
Mas, desde já é possível notar que ele representou um marco no processo civilizatório. O mundo é outro depois dele. As modificações que virão com a utilização dos computadores e da Internet são ilimitadas. Se, um dia, conseguirmos transferir nossa memória pessoal para um disquete, e, depois, armazena - lá em um banco de dados para posteriormente introduzi-la em outro ser, atingiremos finalmente o inconsciente coletivo. Então, os nossos descendentes conhecerão a vida emocional de seus ascendentes. Compreenderemos como e porque a idéia precede à ação. E o mundo estará, cada vez mais, sujeito a todos os tipos de manipulação e controle externo. A grande contradição será: o excesso de individualidade terá produzido seu próprio fim.
Por Paulina Siqueira - Prfª. Geografia – Pós-Graduada em “Gestão Planejamento e Educação Ambiental “e “Educação de Jovens e Adultos – EJA”.
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