Olá amigos,
Recentemente assisti a este filme, que por sinal é muito bom, e resolvi postar algumas materias que achei na net e também alguns comentários meus... espero que gostem...
Sobre o filme:
História de uma família que foge da Alemanha nazista desembarcando no Brasil, por volta de 1937, onde compra um hotel, que se torna ponto de simpatizantes do nazismo, mas enfrentam muitos problemas de adaptação.
- O filme foi realizado em plena ditadura militar e discute a atuação de adeptos do nazismo no Brasil.
- O título do filme serviu de inspiração para a cantora Gretchen, na escolha de seu nome artístico.
O nazismo sob um olhar familiar e intimista
Por Marcelo Miranda
A principal característica de "Aleluia, Gretchen" é sua objetividade diante de um contexto histórico delicado e bastante controverso. Narrado como épico familiar, com a ação transcorrendo dos anos 1930 até a década de 1970, este filme de Sylvio Back aponta as lentes para uma família alemã fugida para o Brasil. Por aqui, o clã monta um hotel, local por onde circulará todo tipo de gente e servirá de reduto para artimanhas ligadas à prática do nazismo. Neste caminho, Back incorre no risco ou de glamourizar as ações da família ou condená-las de imediato.
O cineasta não se permite cometer quaisquer desses erros. Numa linguagem que prima pela secura e frieza na forma como capta cada personagem, Back evita juízos de valor. Interessa-lhe registrar o dia-a-dia daquelas pessoas e fazer do espectador testemunha do desenvolvimento de cada relação exposta. É por isso que cenas perturbadoras, como a ceia de Natal sob a bandeira com a suástica estendida na parede ou o treinamento do garoto na juventude hitlerista, soam quase naturais aos olhos de quem assiste ao filme – não porque tais atitudes devam, de fato, serem consideradas naturais, e sim porque Back as filma de dentro, respeitando seus protagonistas, estes seres que, num pensamento típico dos respectivos contextos onde se encontram, acreditavam defender a causa certa.
Ainda que evite julgamentos, Back faz de "Aleluia, Gretchen" uma pequena amostra da forma torta como a política nazista poderia influir em vários detalhes de um núcleo específico de pessoas. Cada membro da família em questão parece resumir em si elementos facilmente identificáveis do caráter fascista – a busca pela pureza da raça, a não-aceitação de vozes dissidentes, a opressão e a convicção em ideais focados quase exclusivamente numa chave unilateral e inequívoca. Nisso entra o ser estranho, o viajante interpretado por Carlos Vereza, que serve de exemplo do intruso inserido num universo ao qual ele parece não se adaptar – o que lhe causará problemas, evidentemente.
Ao fim, vemos a celebração de todos ao som do brasileiríssimo samba, entremeado por trechos da "Cavalgada das Valquírias", de Wagner – numa jogada esperta e simbólica, Sylvio Back nos faz ouvir, desde a abertura e em vários momentos do filme, a composição mais famosa do compositor alemão, adotado pelo nazismo como exemplo intelectual do anti-semitismo. A imagem no desfecho é de pura felicidade e esplendor. Só que o corpo franzido e cabisbaixo de Carlos Vereza, sofrido após uma série de torturas, mostra o quanto enganadora é toda aquela catarse. Back fala pela imagem o que o filme evita ecoar por palavras: em políticas de caráter tão extremo, a humanidade é sacrificada, mas jamais deixa de existir, ainda que em seu estado mais melancólico.
Ficha Técnica
Título original:Aleluia, Gretchen
Gênero:Drama
Duração:1 hr 58 min
Ano de lançamento: 1976
Estúdio: Embrafilme
Distribuidora: Embrafilme
Direção: Sylvio Back
Roteiro: Sylvio Back, Manoel Carlos Karam e Oscar Milton Volpini
Fotografia: José Medeiros
Maiores Informações Em:
Documentário: Do Outro Lado da Bitola
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